domingo, 4 de maio de 2008

Bujiu, digo, Babu

Fui ver Estômago, filme de Marcos Jorge. Não achei a oitava maravilha do mundo apregoada pela crítica mas, envolvida que estou com o livro do Nós do Morro, fiquei ligada no Babu Santana, ator do grupo. Ou melhor, no Bujiu, bandido líder da sua cela, o temido xerife. Que meda daquele homem. A voz dele queria sair da tela e ele pareceu tão violento e imprevisível que, confesso, fiquei com um certo frio na barriga na hora de entrevistá-lo, lá no casarão do Vidigal. Li e reli a pesquisa e a pauta várias vezes para evitar brancos e não deixar o cara mal-humorado, pensei em saídas para possíveis ataques e, em algum lugar do meu inconsciente, devo ter rezado bem baixinho (conscientemente eu nem rezo).
Então, num final de tarde escura, fria e chuvosa, vi o Bujiu, digo, o Babu, subindo as escadas do casarão. Usava uma capa de chuva feita de saco de lixo e carregava algumas sacolas de supermercado cheias de bananas. “É que o pessoal chega com fome para o ensaio”, explicou depois. Com a voz mais mansa do mundo, de fazer inveja a qualquer baiano, chegou pedindo desculpas pelo atraso. A tranqüilidade era contagiante. Ali, naquele segundo, fiquei tão calma que só pude rir de mim mesma. Ridícula. O Babu Santana deve ser incapaz de fazer mal a uma mosca. O que acontece, simples assim, é que ele é um baita ator. Não é à toa que, com menos de trinta anos, já atuou em mais de trinta filmes. Modesto, centrado, calmo e com uma alegria serena que toma conta da sala, ele diz que deve tudo à família – a dele e a do Nós do Morro. Na verdade, é tudo mais ou menos a mesma coisa. Não é por nada não, mas essa família merece mais do que um livro. Vale uma pesquisa científica nos moldes de O alienista, conto de Machado de Assis que será levado aos palcos em breve. Andam ensaiando até de madrugada. Babu é Dr. Simão. Não podia ser outro.

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