terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cohen e os cachorros


A barriga pesa, as costas doem, a insônia persiste e entro em balanço. Meu final de gravidez, já meio sabático, anda em módulo dormindo acordado, esquecido, confuso, sem foco, embaralhado. Faço listas e mais listas de providências e comemoro quando consigo riscar um pequeno item. Tento homeopatia, fitoterápicos, simpatias, promessas, chantagens com a Alice ("Se você deixar a mamãe dormir hoje ganha sorvete de chocolate amanhã", por exemplo), mas nada parece funcionar. Então me rendo e aviso, meninos: Vou lá e já volto. Blogueiras também têm direito a licenças médicas não remuneradas.
Enquanto isso, recomendo o CD novo do Leonard Cohen. Poeta, compositor e gênio, voltou à ativa depois de se retirar num mosteiro enquanto sua namorada queimava toda a sua pequena fortuna. U$ 5 milhões depois gastos pela malandra e eis que temos, graças a essa inspiração compulsória de um ex-aposentado setentão, o álbum que vem sendo considerado o melhor da sua carreira. É o que aprendi na faculdade: a criatividade é um cachorro bravo atrás de você.
Alice e eu, atualmente, como vocês já devem ter percebido, só entendemos de papagaios. Os cachorros estão quietos, comportados e sonolentos no canil.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Bye, bye, camelos




Uma vez iogue, sempre iogue. Inclusive, e principalmente, na gravidez. Daí que, devidamente autorizada pela médica e pela professora, continuei as minhas aulas de sempre. Yoga para gestantes que nada, eu continuaria lá na minha ralação. Ioga é autoconhecimento, e isso inclui reconhecer e respeitar seus limites, ir até onde dá e agradecer o caminho.

Pois é. Até que um dia você faz a ustrasana, postura do camelo, mesmo com um barrigão de seis meses, e descobre que não é bem assim. No dia seguinte a azia melhora por causa do alongamento do abdômen, mas uma dor lancinante do quadril já sobrecarregado te lembra de que, na gravidez, os limites mudam semana a semana e, se você não estiver beeem atenta, vai quebrar a cara – ou a lombar. Depois de um buscopam e um dia praticamente perdido, você reconsidera. Começa a achar que a yoga para gestante, aquela bem calminha, que quase se resume a sentar e fazer borboletinha, deve ser ótima. Principalmente se acabar com uma massagem e um abraço.

Como todo bom aprendizado, yoga é sabedoria com tropeços.