sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sai da frente que eu quero descer!

Seminário, que seminário? Lembro vagamente de ter falado alguma coisa sobre entrevista jornalística em São Leopoldo, Porto Alegre, na simpática Unisinos, mas as cenas que continuam na minha cabeça são as de um avião chacoalhando, pessoas apavoradas se segurando nas poltronas da frente, outras esverdeadas ignorando o aviso para permanecerem sentadas e afiveladas e correndo para o banheiro, que logo ficaria interditado. Também lembro muito das minhas próprias mãos, suadas e trêmulas, que eu esfregava uma na outra na tentativa de manter algum fiapo de calma.

Eu não tinha medo de voar. Até terça-feira. Nosso avião estava tentando pousar no Galeão exatamente na hora da tempestade, nem um minuto a mais nem outro a menos.

A primeira vez em que um avião arremete, chegando perto da pista e, em fração de segundos, desistindo de aterrissar e levantando vôo de novo, você até agüenta. Sua frio e reza um Pai Nosso, o que surpreende seus neurônios que imaginavam a oração esquecida em algum canto do baú católico, mas agüenta firme. Já na segunda, meus caros, não há monge budista que segure. Principalmente se as duas tentativas forem divididas por um curto intervalo de cerca de dez minutos. Na segunda vez, turbulência a toda, quando o avião sobe de novo você começa a pensar na vida e em onde foram parar os saquinhos de vômito que ficavam nas costas das poltronas antigamente. Então você chega à rápida conclusão de que não pode vomitar e também de que não fez nem metade do que queria fazer na vida. A essa altura as mãos, além de suadas, também ficam dormentes como a ponta do seu nariz.

Depois da segunda tentativa fracassada, o chefe de cabine avisou que estávamos indo para o aeroporto de Confins, em BH. Lá a aeronave seria reabastecida e, se as condições climáticas do Rio tivessem melhorado, ela retornaria.

O quê? Mas nem morta, santa! Eu não ficaria nem mais um minuto naquela lataria balouçante e indecisa. Chamei o comissário, disse que estava muito nervosa e que queria ficar em BH. Adoro BH. Saudades de BH. São ótimos os barezinhos de BH, gente! Perguntei se eu não ficaria presa no avião e ele me garantiu que não, imagina, se um passageiro quiser descer, ele tem todo o direito de fazê-lo. Ufa. Mas não foi bem o que ele anunciou quando finalmente pousamos. O aviso era, simplesmente, de que a aeronave seria reabastecida e que retornaríamos em seguida.

Levei menos de dois segundos para levantar e começar um motim, o que fez a pobre da minha colega de seminário me seguir e, inclusive, me acompanhar. Levei seis amotinados comigo, o que obviamente atrasou a volta de muita gente que ainda era capaz de dar dois passos sem tremer da cabeça aos pés. O meu primo, que é comandante, morreria de vergonha. Disseram até que todos os hotéis da região estavam lotados, o que, percebemos horas depois, era verdade. Mas nada que um motel de beira de estrada, daqueles bem deprimentes, não resolvesse.

Voltamos no dia seguinte depois que o meu primo, aquele que é comandante, que teria vergonha de mim e voltaria de POA naquele dia, me convencer de que seus radares meteorológicos on line previam apenas chuva fina. Titubeei até o último segundo enquanto tentava disfarçar o perigo de novo motim para a minha colega, que provavelmente, dessa vez, me largaria lá sozinha porque paciência tem limites.

Quando chegamos ao Santos Dumont, depois de um pouso perfeito, bateu o cansaço. Estafa fulminante. Estou arrasada até agora. Exausta. Nem sei mais o que vem a ser um seminário, muito menos uma entrevista centrada. Quando eu conseguir raciocinar de novo conto pra vocês como foi o evento. Por enquanto, só sei que não quero andar de avião tão cedo. Mas não contem para o meu primo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Não há como a criatura viva evitar a vida e a morte, e talvez haja uma justiça poética no fato de que, se ela se esforçar demais para evitá-las, destrói a si mesma"

Ernest Becker

terça-feira, 8 de novembro de 2011



Foi ao Jardim Botânico e
em frente ao chafariz
quis tirar foto
como se estivesse
em Paris.