quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mais um




Parece que virou moda, meninos. Depois da desafiadora experiência na USP, fui convidada para outro seminário, desta vez no Sul, em São Leopoldo. O Seminário Aberto de Jornalismo da Unisinos pretende pensar a entrevista nas suas práticas e nos estudos em jornalismo. Bingo. Meu livro Por trás da Entrevista parece mesmo, nesse caso, muito pertinente.

Graças a esse novo convite, fui empurrada para a releitura de mais um dos meus livros. Acabo de relê-lo nas férias, entre um espirro e outro, e posso dizer que não deu vergonha. Adorei relembrar as conversas e ler por exemplo que, para Sergio Cabral, entrevistar é tirar o melhor das pessoas, ou que a escuta é a chave da entrevista, gênero, segundo Zuenir, muito rico porque envolve dimensões psicológicas, relação, simpatia, afeto. “Cada entrevista é um encontro”, diz.

Estou ansiosa pelo meu encontro com o time da pesada de pesquisadores e jornalistas que se reunirá na pequena e pensante cidade de São Leopoldo. A entrevista, em todas as suas ramificações, é sempre uma surpresa.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Férias estranhas, gente esquisita




Tive férias estranhas. Marido, pra começar, precisou usar a sagrada quinzena de descanso anual para terminar de escrever um roteiro de longa. Decidimos então que ele escreveria em Búzios, pulando de café em café na Rua das Pedras, dinâmica que funciona perfeitamente para ele. Euzinha, acostumada a escrever apenas na minha bat caverna, até hoje acho isso meio estranho, algo como escrever sendo vigiado. De qualquer forma, enfiamos o laptop na mala e nos mandamos para a Via Lagos.

No balneário, que visito desde que me conheço por gente, me deparei com uma ventania inédita, daquelas que embaraçam os cabelos para sempre e te deixam meio surdo. Dentro de casa, janelas fechadas, ela ainda fazia um barulho assustador. Estava frio também, o que numa casa de praia é sempre meio esquisito, por mais que existam cobertas nos armários e casacos na mala. Ah, gente, não é o que se espera da praia, convenhamos, mesmo no inverno. Nossa meteorologia interna é muito temperamental. E eis que a tal ventania macabra fez ressuscitar a minha alma alérgica, que há muito não sabia o que era uma crise tão cheia de espirros que as costas chegam a doer. Quando a coisa toda evoluiu para uma febre, decidimos voltar. Seria ótimo voltar para casa, afinal nada melhor do que ficar doente em casa, certo?

Isso se ela não tiver sido toda pintada nesse meio tempo. O pintor atendeu aos meus apelos e encerrou o trabalho mais cedo, no entanto o cheiro da tinta, aquela que dizem que não deixa cheiro, estava lá, triunfante, rindo dos meus espirros seguidos de lágrimas que não eram bem de alergia. Então tínhamos malas de roupas sujas, um roteiro para escrever, uma alergia bissexta para curar e... nenhum lugar para ficar. Cogitamos amigos e parentes, é claro, mas a logística parecia cada vez mais complicada para um casal que queria ao menos tentar passar o resto das férias (férias?) junto.

Decidimos pela extravagância. Já que estávamos de férias, faríamos check in num hotel. Quem sabe assim a sensação de descanso não seria preservada, pensamos. Pela primeira vez na vida, então, pesquisei hotéis no meu bairro, pedindo inclusive para ver os quartos. Descobri que ou são exorbitantes ou simplesmente ruins. Ficamos em um dos últimos, na Av. do Pepê. Tropical Barra Hotel, pertinho do Quebra Mar e do nosso apartamento semi pintado.
Parecia um bom hotel, inclusive pela diária, mas não posso dizer que adorei ver cabelo no banheiro nem dormir num colchão de mais de 30 anos, daqueles que afundam no meio do quadril e te fazem levantar rapidamente pela manhã, na esperança de ainda conseguir andar. Ah, sim, e também vimos uma baratinha no salão do café da manhã, mas aí já estávamos resignados. Foram quatro diárias (a tinta era mais persistente do que vocês imaginam), e depois de quatro dias num hotel desses, você não reclama de mais nada, nem do cartão que toda hora desmagnetiza e te faz descer até a recepção antes de conseguir, finalmente, entrar no quarto tão aconchegante, tão agradável, tão Relais & Chateaux. E muito menos lamenta o quadro rapidamente eleito o mais feio do mundo, numa imitação misturada e funesta de Kandinsky com Miró. Desculpem, meninos, mas eu precisava mostrá-lo a vocês. Tirem as crianças da sala.

Moral das férias, cambada: não há mesmo nada como a casa da gente, mesmo com a porta da sala pintada só pela metade: dentro de casa ela está linda; do lado de fora, amarelada e descascada. Esqueci de deixar a chave com o pintor.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

sábado, 1 de outubro de 2011

VIP, eu?



Totia Meirelles. Bruno Mazzeo. Marcius Melhem. Maria Paula. Claudio Manoel. Ingrid Guimarães. Helena Ranaldi. Jorge Espírito Santo. Claude Troigros. Sidney Resende (ahá, peguei vocês, esse não é mas devia ser celebridade, porque estamos falando do melhor radialista do país, inacreditavelmente destronado na CBN pela Lucia Hipólito, que pode ser ótima comentarista política, mas como âncora é uma tristeza). Continuemos: Carla Mühlhaus. Leandro Assis. Sim, meninos, vipamos. Fui convidada para o camarote por um dos produtores do festival e cheguei lá excrusiva, com adesivo no carro, pulseirinha e um guarda-costas que também ando chamando às vezes de marido.

Andamos pra lá e pra cá, tomamos coca-cola (estávamos de carro, crianças), experimentamos o Buffet do Aquim, fomos e voltamos do varandão seletivo várias vezes. Numa dessas, aliás, tive a certeza de que o elitismo não tem limites. Dentro de uma área VIP, onde a pulseira é presa com uma máquina que parece querer checar a elegância da nossa pressão arterial, existia uma área...mais VIP ainda! Procurando por poltronas, fiz menção de entrar num curralzinho cheio delas, brancas, gordas e convidativas, mas bastou um olhar gelado do segurança em minha direção para eu gingar o quadril e fingir que errara o caminho em direção ao simpático gramadinho sintético ali adiante – onde sentei de pernas cruzadas, bem blasé. Eu, hein.

Decidimos então ver o povo, a galera, a crowd. Fomos até a ultra patrocinada Rock Street, passeamos, vimos as famílias espalhadas pelo gramado, desta vez comunitário, e o clima alto astral do mundo lá fora. Perto do show do Jamiroquai, trocamos de universo de novo, tentando formar uma opinião sobre qual seria o mundo melhor. Bom, descobri que os VIPS não se dão muito ao trabalho de bater palmas. Também dançam mais discretamente, que deve ser para não chamar a atenção dos jornalistas. Bebem bastante como os mortais, e mais não pude saber porque já estava vidrada no Stevie Wonder e seu show incrível, cheio de interação com platéia, com direito a Garota de Ipanema e tudo. Eu mesma interagi muito, já sentada no sofá de casa, com os pés pra cima e livres do engarrafamento, televisão animadíssima e sanduichinho no colo. Achei super VIP.