sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Para blindar a paz

Todos vocês seis já sabem que estou escrevendo o livro de um militar. Mais exatamente um capitão formado na Aman e bem inflexível quanto à participação do Exército na luta contra o tráfico: soldado não é policial e, portanto, não deve ser colocado em situações afins. O soldado não tem o mesmo treinamento que um cabo do Core e, pela Constituição, o uso de sua força em qualquer ação policial é ilegal.Para que essa "parceria" seja possível, seria preciso decretar estado de sítio.

Entendo os argumentos dele. Principalmente quando ele diz que o exército não tem que subir morro para matar traficantes. Mas confesso que ontem, vendo os tanques da Marinha amassarem barricadas como se fossem baratas, recapitulei. Há colaborações e colaborações. Os fuzileiros navais não entraram em confronto direto com os bandidos e foram cruciais na operação de ontem, no Alemão. Tanto que, à noite, quem recapitulou foi o próprio Exército, oferecendo uma ajuda negada há três anos.

Já vi que terei longas conversas com o meu biografado. Mas tudo em nome da paz. Ontem, vendo os noticiários, dava até nó na garganta perceber o apoio da população. Pela primeira vez, desde que me conheço por gente, também tenho esperanças no Rio de Janeiro. E suspeito que isso seja tão importante quanto o empréstimo de alguns urutus.

P.S. Terminei o freela urgente. Era o texto de um projeto inédito de transformação do universo artístico de Adriana Varejão em videoarte. Quando essa exposição despontar no jornal, anotem datas e horários. Sem dúvida vai valer a pena.

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