quarta-feira, 17 de junho de 2009

Mais um!

Deve ter sido efeito colateral da Makita. Makita, pra quem não sabe, é um instrumento de tortura usado para fatiar cérebros de escritores incautos. Os pedreiros dizem que ele serve para cortar cerâmica. Na verdade, Makita é a marca da máquina. Também existem os ditos cortadores de pedra da Bosch, por exemplo. Mas é mentira isso de cortar pedra. Mentira! Ninguém fala sobre isso, mas a verdade é que essas ferramentas sádicas são especialmente criadas para fazer pequenos furos na massa cinzenta. O barulho – ziiiiiiiiim, zeiiiiiiim – vai aumentando na mesma proporção em que ganham profundidade os buracos na caixa craniana. Quando você menos percebe, com o restinho de consciência boiando na sua sopa mental, buracos negros de tamanhos variados já engoliram sua memória, sua capacidade de concentração, seu raciocínio, sua paciência e, principalmente, a sua noção do perigo.
Eu devia estar assim, cambaleante, vista turva, sonolenta, com o meu bom senso perdido em algum lugar dos meus neurônios esburacados quando, no sábado passado, aceitei fazer mais um livro. Disse, impulsivamente, sim, sim, sim! Só depois de dois dias entendi mais ou menos o que tinha acontecido. Mas aí já era tarde. Engoli poeira demais, crianças.
Então é isso. São três livros em andamento. E só não me jogo da varanda porque ela fica apenas no primeiro andar e porque quem me chamou para esse trabalho foi a Heloisa Buarque, minha eterna mestra, de quem estava com saudades há tempos. Com ela sinto que estou realmente aprendendo, aprendendo pra valer. E esse aprendizado não quebra, não faz barulho nem cria poeira. Ele é à prova de qualquer Makita.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns !!!
Podemos comemorar na cozinha...
Bjs
Celia