segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Luxo III (já vai acabar)

“Como dizia Simmel, a moda sempre une gosto pela imitação e gosto pela mudança, conformismo e individualismo, aspiração a fundir-se no grupo social e desejo de diferenciar-se dele, ainda que por pequenos detalhes. Se a moda não existiu sempre, é que exigia como condição de aparecimento uma certa liberação da individualidade, a depreciação do anonimato, a preocupação com a personalidade, o reconhecimento do “direito” de valorizar-se, de fazer-se notar, de singularizar-se. No fim da segunda Idade Média, precisamente, vem à luz um conjunto de fenômenos que ilustram essa afirmação de individualidade nas classes superiores. Relembremos apenas o surgimento da autobiografia, do retrato e do auto-retrato, a paixão pela glória, os testamentos e sepulturas personalizados. A moda é outra manifestação dessa preocupação com a particularidade do indivíduo, quaisquer que sejam os movimentos miméticos que aí se manifestem. Novo grande dispositivo do luxo, a moda deriva menos do consumo ostentatório e das mudanças econômicas do que das transformações do imaginário cultural.” [1]

[1] In Lipovetsky, Gilles; Roux, Eliette. O luxo eterno. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2003, p. 41


Gente, o que eu posso fazer se me interessei pelo luxo? Já nem sei se o projeto à vista vai sair, mas enquanto isso a gente vai se divertindo. Ou ao menos tenta, que é para fazer a cabeça zunir um pouquinho menos. O mais difícil de ser freela é segurar a onda nos intervalos. Entre um projeto e outro a gente tem um mundo e meio de coisas para resolver, mas o mais difícil é amarrar a ansiedade. Daí eu me lembro de que o medo está no futuro. Logo, não pode existir no corpo, único que fica sempre no aqui e agora. Lembrem-se, queridos, eu sou praticamente uma yogui. Mas e para ele, o corpitcho, entender isso? Os meus ombros não parecem estar nem aí, mas nem tchum mesmo, para tão bela filosofia. Ó vida. Om, crianças, om que melhora.
Só mais um encontro, unzinho só, e a gente termina esse glamour todo intelectual. Longa vida ao Lipovetsky.

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