segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Karma?

Aconteceu de novo. Foi a quarta vez. Bom, tudo começou com a Ana, mas aí podemos chamar de coincidência. Como vocês seis já estão enjoados de saber, na época a gente se esbarrava no mesmo consultório. Então veio A bela menina e toda aquela montanha russa de histórias ligadas ao uso de drogas como um meio de aplacar a dor da alma, aquela que dói quando a gente suspira e pensa na vida. Alguns meses depois do lançamento do livro, uma mulher de São Paulo entrou em contato comigo, por email. Queria contar a história dela. Caía naquela categoria de mulheres que amam demais, sofrem a vida inteira e, aos poucos, conseguem recuperar seus caquinhos. Fiquei interessada, trocamos vários emails mas acabei desistindo porque não acredito em entrevistas à distância. É como um namoro por correspondência: simplesmente não dá certo. Bom, pelo menos comigo nunca deu.
Antes disso, outra pessoa, dessa vez um homem, já havia pedido os meus contatos na editora. Esse tem uma história insólita, daquelas que num dia a pessoa tem tudo do bom e do melhor e do poder e no outro não resta nada além de uma sensação estranha de que tudo não passou de um sonho esquisito, alcoolizado e drogadito. Fiquei interessadíssima, conversamos (desta vez ao vivo) e encaminhei o caso para o meu marido, que é roteirista e já tem até parte da escaleta do filme na cabeça. Combinamos que vou pegar o bonde um pouco mais tarde, em outra esquina, quando as entrevistas já estiverem mais adiantadas.
Na semana passada, me ligou um amigo da Ana Karina. Disse que a história dela é fichinha perto da dele, ou essa foi a minha interpretação das entrelinhas. Acertamos de conversar em setembro, depois de terminado o livro do Nós do Morro.
Mas agora eu me pergunto: gente, será um karma escrever histórias tão pesadas? Sei que ajudo de verdade os meus, digamos, personagens. Mas porque será que tanta coisa carregada anda chegando por aqui? Será coincidência ou eu tenho uma missão nesse estranho mundinho? Preciso de um banho de sal grosso ou simplesmente sentar a bunda e escrever sobre isso tudo até que isso tudo ganhe outro significado além da dor? Ser ou não ser, eis a questão. Opinem, por favor. Também aceito conselhos, rezas e simpatias.

3 comentários:

Unknown disse...

Carla, acredito que tudo na vida tem seus porquês... Quem sabe você está ajudando as centenas de leitores da "Bela Menina" a entrarem nesse lado sombrio e desconhecido das drogas e dos distúrbios bipolares e ficarem mais espertos, por exemplo, em relação ao comportamento dos filhos. Os meus ainda estão longe da adolescência, mas deu pra ver que o envolvimento com as drogas começa a partir da negligência e irresponsabilidade dos pais na infância. Pode ser até que o clima esteja pesado agora, mas, pelos seus feitos sinto que você também é dessas que coloca a cabeça no travesseiro e sente que a missão está sendo cumprida (e muito bem, diga-se!). A vida tem caminhos estranhos e insondáveis. Para mim, encontros e relacionamentos são o que existe de mais valioso. Um desses me trouxe de volta uma velha amizade, a ajuda no livro Vida de Equilibrista, um pontapé para trabalhar de frila no meu home office e é aí que a gente se reencontrou também, Carla, trocando dicas sobre essa ainda misteriosa e estranha profissão (pra mim, né...) de edição de livros. Só de uma coisa tenho certeza: seu talento e dedicação levam ao sucesso e à tranquilidade. A vida, afinal, é feita de pequenas (e grandes) conquistas... uma de cada vez. E essas tragédias, liga não, são dos outros, não suas... Vou te mandar um quilo de sal grosso, just in case!

Anônimo disse...

Esse seu "Karma" deve ser ótimo rsrs...
Agora sério isso, na minha opinião, é o resultado do seu bem escrever, com humor e inteligencia, uma visão bacana da vida.
Abraços
Eduardo

Rosana Ferrão disse...

Carla,
Algumas considerações aqui: 1)parece uma missão, sim. Ouve o teu chamado;
2) Daqui a pouco, se faz um pouco de surda e escreve logo o seu livro. Com as suas histórias. Você escreve bem demais!
) Namoro por correspondência dá certo! Juro que dá!!
beijos,
Rosana