Duas coisas sempre me impressionam em época de eleição. A primeira é a cobertura dos jornais, que focam mais na embalagem do que no conteúdo. Fala-se muito das campanhas, das carreatas, das mudanças de estratégia tipo Dilma trator para Dilma paz e amor, das buscas de votos nos públicos x e y. E parece muito natural transformar essa espécie de análise de discurso em jornalismo. Mas e os programas reais de governo, os posicionamentos econômicos, os compromissos partidários? Isso tudo, numa contradição insólita, é que fica parecendo enfeite.
A segunda surpresa reincidente é com a questão religiosa. É um tal de defender o aborto e depois negá-lo aqui, ir à igreja ali, falar com os evangélicos acolá. Ninguém parece se lembrar que, graças ao Iluminismo, o Estado é laico. Governo e religião não tem nada a ver um com o outro. Se a igreja católica é contra o aborto, problema dela. Os políticos não tem nada a ver com isso, ao menos não num estado democrático. Levar essas questões a sério politicamente é voltar à Idade Média e abrir espaço para um governo fundamentalista, coisa que, acho que todo mundo já sabe, não dá lá muito certo.
Estranho. Os anos passam dando marcha-ré.
sábado, 9 de outubro de 2010
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Um comentário:
Seria tão melhor se acabassem com marqueteiro... Bj Celi
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