terça-feira, 7 de setembro de 2010

Balada

Água esparrama em cristal,
buraco de concha, segredarei em teus ouvidos
os meus tormentos.
Apareceu qualquer cousa em minha vida cinza,
embaçada, como água
esparramada em cristal.
Ritmo colorido
dos meus dias de espera,
duas, três, quatro horas,
e os teus ouvidos eram buracos de concha,
retorcidos
no desespero de não querer ouvir.

Me fizeram de pedra
quando eu queria
ser feita de amor.


Essa é Hilda Hist aos vinte anos. Quem é gênio nasce gênio.

p.s. O título, para quem não sabe, não remete aqui a uma saída para uma boate. Não, meninos, balada também é um gênero poético, que remete ao poema escrito para ser acompanhado de música em bailes e festas. É um gênero caracterizado pelo uso do estribilho e também pela ausência de rigidez no número das estrofes.
Quem quiser mais que se delicie com Baladas, da Ed. Globo, na bela coleção da obra completa (ou quase)de Hilda Hist que, infelizmente, já não escreve mais baladas. Ao menos não por aqui no mundinho.

Bom feriado, meninos. Louvem a independência.

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