segunda-feira, 23 de agosto de 2010

B-azar





Lugar descolado no Horto, tarde de domingo, um blush de leve no rosto para disfarçar a cor verde musgo de quem não sabe mais o que é pegar um solzinho. Respirei fundo e entrei, tentando manter um ar blasé que só os cariocas têm.

“Oi, tudo bem?”, me perguntou de cara um homem que parecia trabalhar no local.

“Tudo...”

“Veio para o bazar?”

Pausa. Nesse momento eu poderia ser ferina e pensar “não, vim fazer feira”, mas o fato é que o rapaz era muito gentil. De verdade.

“É...”

“Então vai colocando na cestinha o que estiver gostando, deixa os cabides nas araras mesmo”, ele ensinou, me entregando uma cestinha vermelha daquelas de supermercado. Mal sabe ele como aquelas informações foram preciosas. Eu já podia me movimentar com algum conforto.

“Qualquer coisa é só me chamar, viu, Carla?”

Meu Deus, ele já havia decorado o meu nome. Agora eu tinha a obrigação de comprar alguma coisa.

Eu estava num bazar da Osklen. Como vocês seis e meio (o meio a mais é sempre uma esperança) aí já sabem, acabei de escrever um livro para o Oskar Metsavaht. Fiquei fã do homem não só pelo império que ele conseguiu criar com a sua marca, mas também pela sua simplicidade e simpatia. De certa forma, o bom trato se refletia nos funcionários, que esbarravam aqui e ali com a Nazaré, mulher dele. Não sei se ela estava trabalhando ou experimentando roupas, já que o Oskar mesmo me disse que eles também aproveitam os bazares. Achei que ele tinha falado isso só para ser legal comigo, que tenho apenas uma camisetinha da Osklen por motivos óbvios. Não insistam por explicações, meninos, fica feio.

Quando recebi o convite para o bazar, portanto, pensei que aquela era a minha chance de prestigiar a marca. Eu tinha que comprar ao menos uma peça para usar quando encontrasse de novo com o homi, gente. Então olhei, olhei, olhei... e nada.

Uma amiga minha saiu de lá carregada e eu não consegui comprar nada, nadinha. Tudo bem, eu não estava muito inspirada no dia, mas me solidarizei com algumas pessoas que, passando as mãos pelas araras, se perguntavam como algumas peças deveriam ser vestidas. Literalmente. “Será que isso é uma camisa?”, perguntou uma mulher ao meu lado. “Acho que sim”, respondi, saindo de fininho. Eu não tinha a menor idéia.

Fato é que as roupas eram muito bacanas, mas não me identifiquei com a coleção. Ok, gostei de uma blusinha estampada, mas era grande pra mim e o P já tinha acabado. O resto me parecia trendy demais para o meu estilo não-me-olhem-assim. Sou sóbria, meninos, mui discreta, mais para o clássico com um quê de esportivo e cheirinho de incenso, e, principalmente, não gosto que a roupa chegue antes de mim.

Bazar, definitivamente, também não é comigo. Gosto mais das peças que estão nas lojas da Osklen, vestidos sonhadores, paletós bem cortados, casacos lindos de couro. E muitos zeros a mais nas etiquetas.

Fazer o quê. Sempre tive o péssimo hábito de gostar das coisas mais caras. A minha mãe costuma dizer que isso é bom gosto. Eu acho que é só azar, mesmo.

Um comentário:

celia disse...

seis e meio???Não sei não mas acho que esse meio sou eu! Bjs