quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Admirável Livro Novo

E então escrevi um ponto antes mesmo de digitar a primeira palavra. Vontade impulsiva de concretizar projetos, fechar acordos, ir em frente com novas placas de sinalização na estrada de 2010.

O livro do gentleman está perto de ficar pronto, os depoimentos do militar já estão transcritos pela metade e ensaiam o momento de empostarem nova voz, outro projeto incrível à vista parece quase quase alinhavado. Enquanto isso, nesse ar rarefeito, a vida segue. Espantada às vezes por ver tanta coisa na agenda, impaciente outras tantas com tudo que ainda não se materializou, que não tingiu o preto no branco. Escrever é rascunhar eternamente.

Mas não pensem que o diagnóstico de insônia crônica me deixou meio deprê. Nada disso. Esperem eu entrar no mundo das pantufas psicotrópicas, queridos: escreverei borboletas e sambas.

Por enquanto, ando ainda com a boca meio aberta de assombro com o que soube ontem numa reunião com o braço direito do gentleman de Ipanema (sorry, meninos, a censura ainda não me permite dar nomes aos bois). Estão eles em plena negociação para trazer ao Brasil uma máquina de impressão de livros on demand. Mas não aos moldes do que a Ediouro já faz com a sua Singular, capaz de imprimir livros por encomenda de novos autores (gerindo a distribuição inclusive), reimprimir clássicos atemporais ou oferecer arquivos digitais na sua biblioteca.

A tal máquina de tecnologia alemã pode fazer tudo isso, mas com uma imbatível diferença: ela pode ficar a cada dia numa esquina. É máquina de acesso público, podendo ser transportada daqui para ali, de lá para cá. Pode estar hoje na praia do Pepê, por exemplo, e amanhã na Rua das Pedras, em Búzios.

A filosofia (ou poesia funcional, para usar um termo em voga) é a mesma da máquina de refrigerantes ou daquelas máquinas de jornais européias, com um brutal detalhe a seu favor: os livros são feitos na hora e saem estalando de frescos como pão francês de padaria. A pessoa escolhe o título que quer, paga o equivalente a um livro comprado numa livraria tradicional, espera alguns minutos e fim de sessão: sai um livro fresquinho pronto para ser carregado debaixo do braço a caminho de casa – ou da praia, da feira, do café da esquina. Com isso evita-se o desperdício de papel, o estoque que deprime qualquer autor decente (já assinei, horror dos horrores, contrato que autorizava a queima de estoque depois de determinado período em caso de encalhe da obra) e, last but not least, a falta de brecha para os independentes.

Não é bárbaro? Fiquei louca. Seu eu tivesse arregalado mais os olhos enquanto ouvia a novidade acho que teriam chamado um médico para checar minha tireóide. Eu mesma seria uma cliente em potencial da trapizonga culta e móvel. Livros como o do oficial da Aman, por exemplo, podem muito bem ser vendidos assim. Os quadrinhos do meu marido também. Os meus arroubos literários ainda não revelados idem.

Novos tempos. O futuro finalmente me interessa.

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