quarta-feira, 4 de novembro de 2009

TPM

Ok, meninos, vocês venceram. Eu, mulherzinha, escritorazinha, mortalzinha, admito: tenho TPM. Sim, também carrego nas costas essa sigla que incha, cansa, lesa o cérebro, dói, irrita e transforma o mais cor-de-rosa dos mundos em uma solitária escura e enlouquecedora. Com um cruel detalhe: nessa solitária também são jogados maridos inocentes.
A mulherzinha aqui, muito muderna, lida, analisada e dada às mais diversas relativizações, não acreditava muito nas três letras perigosas e sempre achou muito machistas as piadas a respeito. No fundo tinha vontade de, com os olhos já vermelhos de chorar porque acabou o cotonete ou porque não conseguiu encontrar um par de meias, inflar o peito e urrar com alguma saliva projetada: “TPM é o cacete, seus merdas!”
Mas no domingo passado, esperando mais uma vez o meu entrevistado, que costuma se atrasar, comecei a folhear o meu caderno de anotações com um insuspeitável mau humor – logo atribuído, logicamente, ao atraso do tenente. Cumprir horário, afinal, não é a primeira coisa que um militar aprende, gente?
Então eis que esbarro no seguinte esboço de poesia, escrito em letrinha miúda:

Mau humor da porra
Porra nenhuma
se resolve
Saco de filó
E te olho ó
de lado
Sobrancelha levantada
desconfiada
cansada
e só.

Achei tudo muito familiar. Era a mesma sensação que eu estava sentindo naquele momento, e a data não me deixava nenhuma rota de fuga: tal desabafo pseudo poético havia sido escrito há, adivinhem, um mês. Merda.
Pronto, falei. Mas e daí? Tão olhando o quê? Nunca viram? Ninguém aí tem mais o que fazer, não?

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