sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Copi o quê?

Como vocês seis já sabem (piada velha, eu sei), peguei mais um copidesque. Aí vocês podem, um tanto irritados, perguntar o que é, afinal, esse tal de copidesque. Well, well, é uma boa pergunta.
O termo, como é um tanto óbvio, vem de copy desk. Surgiu nos EUA, berço do nosso chamado jornalismo moderno. Na idade da pedra, antes dos computadores, copy desk era uma mesa em formato de U, que unia o editor chefe (sentado na borda de dentro) aos copy editors, que zuniam ao redor da mesa como abelhas, checando informações, atualizando números e, entre um e outro telefonema, tomando fôlego para agüentar o deadline das matérias, a hora grave em que as máquinas de escrever teriam que silenciar e agradecer (ou não) por mais um dia de manchetes cumpridas.
Os editores de copi, vamos dizer assim, são importantíssimos até hoje nos EUA. São eles que finalizam reportagens, fazem as perguntas que os leitores fariam não fossem eles (e as respondem) e ainda atendem às exigências da diagramação, aumentando ou reduzindo textos.
O termo pegou e é muito usado também no mercado editorial. Por um tempo achei que copidesque e preparação de texto fossem coisas diferentes, mas não. Fazer um copi é preparar o texto para ser publicado, acertando as arestas, melhorando aqui e ali, mudando títulos, incluindo ou tirando trechos, enfim, editando.
E descobri que adoro poder fazer um copi entre um projeto e outro. É que para fazer copidesque não preciso descascar nenhum abacaxi. Portanto é uma espécie de trégua, com os neurônios a meia voltagem, concentrados em mexer no texto dos outros, geralmente no texto de uma pessoa que você nunca viu na vida (nem vai ver). Levando em conta que o texto já vem de um ghost writer, a distância do autor é maior ainda. É como trabalhar escondido no escuro, luzinha de abajur refletindo na tela cúmplice do monitor. Ou seja, é a maior promiscuidade. Fazer um copi, crianças, é quase a mesma coisa que entrar num bacanal. Mas não contem aos seus pais que disse isso. E não, não vou explicar o que é um bacanal.

2 comentários:

Valéria Martins disse...

Carla, saiu um "filho" meu na Bienal... É o livro "Beleza, umbom negócio", da Ed. Senac Nacional. É sobre a experiência de mega-sucesso do Rudi Werner, dono da rede de salões de cabeleireiros, que tem filiais até em Angola, África. Quando for à livraria, dá uma olhada. Beijos!

Carla Mühlhaus disse...

Pena, estive no estande da Senac na sexta-feira. Se soubesse... Mas vou procurar mesmo assim. Quer dizer que era esse então o cabeleireiro misterioso... rs
Parabéns! bjs