terça-feira, 12 de maio de 2009

Bota-fora


Entrei na Garage Sale. Estou em liquidação. Bota-fora total. Preços inacreditáveis!

E tudo por causa da respiração. É que depois de inspirar e expirar em modalidades e ritmos até então inimagináveis, terminei o curso Arte de Viver preenchida com uma sensação de... catarro. Sim, em bom português, catarro do bom.
O curso terminou há uma semana e continuo tossindo os pulmões pelo avesso, o que faz com que a minha garganta fique irritada e eu me engasgue subitamente de maneira cinematográfica uma ou duas vezes por dia – geralmente em público. No início, mesmo sem perceber qualquer outro sintoma além da tosse, achei que tinha contraído a gripe suína. Já estava me despedindo do mundo cruel quando resolvi mandar um e-mail para a instrutora do curso e, quando ela confirmou que esses sintomas são comuns em alguns participantes respiradores, caiu a ficha. É claro.
O que aconteceu foi que o processo de respiração me proporcionou uma faxina interna daquelas. São anos e anos de ar parado e asmático mandando a conta. Mas também são anos e anos de quietude, de textos feitos pra dentro, de palavras confinadas ao espelho da crítica interna. Agora, que tenho blog e tudo, está na hora mesmo de expectorar. De cuspir fora medos, algemas, gradis. De abrir o peito, literalmente.
Mas para que um ar fresquinho entre, é preciso liberar a nhaca que estava lá dentro. E vou dizer uma coisa, meninos, a nhaca era grande. A última vez que tossi e me engasguei assim como uma condenada retorcida foi há mais de dez anos, depois de uma viagem ao exterior. Numa dessas vezes, tossi tanto que vomitei em pleno shopping (desculpem, contar isso também faz parte do meu processo, entendem?). Naquela época, o que eu estava botando pra fora era stress em estado bruto, mas um stress não expirado e muito menos nomeado.
Só que agora o meu super catarro tem nome, senhores. Não tem título, mas tem nome. Ele se chama Romance. Ao menos é assim o título do arquivo do word, “Romance”.
Não é nada que eu preze enormemente, tanto que resolvi liberar aos poucos aqui, no Garage Sale, aceitando qualquer trocado e jogando-o aos tubarões da rede. Mas é um exercício de texto que, agora vejo claramente, me permitiu escrever A bela menina. Ele não tem lá muito valor por si só, mas sim pelo caminho que deixou pronto para os passos mais recentes, dados com relativa segurança.
Portanto, esse é o combinado. A partir de agora, em catarrinhos semanais, publico trechos do bom e velho e inevitável Romance Inacabado de Gaveta. Em troca, aceito receitas caseiras de xarope.
É como dizem: para abrir espaço para coisas novas, é preciso se livrar das velhas.

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