domingo, 21 de agosto de 2011

De Sampa


A pessoa vai a São Paulo participar de um evento importante na USP, faz uma apresentação digna de nota azul no boletim e volta com vontade de comentar certamente as coisas mais bobas da viagem. Deve ter sido o ar seco e poluído respirado por três dias e que dava a impressão de ainda se estar no avião, com tontura, um pouco de náusea e uma pressão esquisita na cabeça. Escritores são seres muito sensíveis, portadores, inclusive, de pulmões e narizes.

Respeitemos então os impulsos, porque é pra isso que serve um blog, e falemos sobre as bobagens: a primeira é que, no banheiro do aeroporto Santos Dumont, há uma cabine com a seguinte inscrição na porta: “Para pessoas de baixa estatura”.

Parei. Olhei de novo para ver se não tinha confundido com um banheirinho infantil. Não, crianças são crianças, e, apesar de pequenas, não costumam ser chamadas de “pessoas de baixa estatura”. Poderiam, até, e devia ser assim na Idade Média, quando as crianças eram apenas adultos pequenos e devia-se economizar muito em brinquedos, mas hoje é diferente. Concluí então que aquele era um eufemismo torto para a palavra anãs. Convenhamos, ficaria estranha mesmo a placa “Para anãs” na porta do banheiro que, imagino, deve lembrar o banheiro da Minnie na Disney. Usar a palavra “anãs” seria, no mínimo, como tudo na vida hoje para a turma dos sem humor, politicamente incorreto. Mas me peguei pensando se uma amiga minha, com pouco mais de metro e meio de altura, não poderia também se sentir ofendida com a placa. E isso, então, não seria politicamente incorreto para com as baixinhas?

A segunda reflexão totalmente dispensável, porém irresistível, aconteceu no avião. Estava assistindo ao canal da TAM, pensando em como a comunicação é privatizável, e li na legenda, depois de uma matéria sobre um destino turístico imediatamente esquecido: “Se você vier com o seu avião, a latitude é...” A frase terminava com coordenadas provavelmente muito úteis para quem tem o seu próprio avião. Agora me expliquem, meus amores, quem tem um avião estaria fazendo o quê apertado num Fokker 100 lotado da ponte aérea?

Fazer o quê. Escrever é estranhar.

No próximo post, refeita da poluição paulista, conto como foi a apresentação na USP. Antes preciso respirar um pouco de maresia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não, eu não me sentiria ofendida, mas entraria em outra porta!!! Mas gostei da idéia... Bjk Celia

Cintia disse...

Carlinha, espero que a amiga a quem voce faz referencia nao seja eu, afina eu tenho 1 e 61 e MEIO!!!!! Risos. Beijos com saudades ja. Cintia.