segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Foi mal, Gagu!

Eu sabia que era um convite perigoso. Aniversário da Ana, com direito a participação de um grupo Hare Krishna e a presença de alguns personagens do livro, era de dar um friozinho na espinha. Primeiro por solidariedade ao meu marido que, tímido que só, ficou em cólicas só de pensar no risco de ter que sentar no chão de pernas cruzadas, descalço, e entoar hare hare hare rama. Mas ele foi corajoso e eu também. Encaramos.
A noite estava fria e linda, as velas enfeitavam a piscina e o clima todo era de uma Índia que talvez só exista nos nossos desejos. Próspera, com cheiro de incenso, animada e saudável toda vida. Um showzinho de um grupo Hare Krishna rolava ao fundo, com ótimo instrumental (tinha até violino!), tranqüilo, e não lembro de ter visto ninguém descalço. Relaxei. O meu marido também. Fui sendo apresentada aqui e ali como a autora do livro e estava adorando a oportunidade de conversar com aquelas pessoas todas que povoaram tanto a minha cabeça, por tanto tempo, antes mesmo de eu as conhecer.
Até que chegou o Gagu, que no livro chamamos de Gagoo. Eu já tinha sido avisada pela anfitriã: “O Gagu já brigou comigo algumas vezes, não gostou do que falamos sobre ele no livro”. Puxei pela memória e relembramos, juntas, as passagens em que ele participa da história. Pô, ele é até elogiado! É ele aquele cara espirituoso, praticante de ioga, que não falava mal de ninguém e tomava um suco de clorofila antes de cheirar. Ops. A mãe dele pode não ter gostado disso. Quando o vi, congelei. Apesar de todo o tom de brincadeira que envolvia as queixas, fiquei realmente apreensiva. Sei lá, gente. E se ele resolvesse partir pra cima da magrinha aqui? O cara era grande! Fiquei na minha, sentadinha num pufe, compenetradíssima no meu prato de comida indiana. Quando ele sentou do meu lado, ainda tentei por alguns minutos fingir que nada tinha acontecido. Mas não teve jeito e por um nada não engasguei com o arroz de lentinhas. Levei um pito de leve e ainda tremi por dentro por alguns segundos. Mas acontece que o Gagu, lembrem-se, é espiritualizado. E logo estávamos conversando sobre Santo Daime, clorofila e a temporada dele no Havaí, e não sou boba de contar mais uma palavra que tenha saído da sua boca.
O que importa é que Gagu é do bem. Assim como todos os outros personagens que estavam naquela noite, adotados ou não pelo livro, comungando do mesmo carinho que tenho pela aniversariante de ontem. Quer dizer, o aniversário oficial é hoje, mas isso é só porque a mãe dela não gostava do mês de agosto e pulou um dia na hora de registrá-la. O que é a cara da família. Pela primeira vez na vida, ela comemorou no dia certo. Mais um avanço. Depois do bolo, a noite acabou leve, feliz e com uma certeza: é arriscado escrever no Brasil, mas vale a pena. Parabéns, Ana!

2 comentários:

Anônimo disse...

O Gagu é gente finíssima! O papo foi muito divertido!

Leandro

VEVE disse...

realmente a Carla ficou um pouco nervosa !!!
adorei conhecer ela e o marido !!!
eu e Augusto conversamos muito com eles. e o Augusto falou p/ ela ficar tranquila pq o Gagoo já não matava ninguém ha um bom tempo !!!kkkkkkkk
a noite realmente foi maravilhosa !!! bjus Carla