

Ainda não contei pra vocês, mas no Natal ganhei um Kindle. Felicidade total. Agora leio livros gordos como o Maximum City, de Suketu Mehta, sentindo nas mãos apenas o peso de uma pluma. Não estou considerando-o o melhor livro da minha vida, como diria Cora Rónai, mas lê-lo no meu kindle faz valer a experiência. Além disso, como vocês já sabem, tenho certa obsessão por livros sobre a Índia. Ou melhor, tenho obsessão pela Índia, mesmo sabendo que, muito provavelmente, nessa encarnação ao menos, eu não terei coragem de ir até lá. E como não acredito em reencarnações, é de se presumir que eu fique mesmo apenas na vontade.
É claro que também fui ver a exposição India, no CCBB, que, aliás, termina nesse final de semana. Talvez seja a minha paixão pela ioga, que sigo fielmente há seis anos, mas o fato é que toda a coleção me emocionou: As fotos, os tapetes de parede decorativos, os artigos religiosos e até a sala de cinema de Bollywood, onde fiquei sentada um bom tempo vendo curtas indianos – todos, é claro, de qualidade discutível para os nossos padrões, que são igualmente muito esquisitos.
Desci do segundo andar direto para a livraria e dei de cara com o livro Ioga para quem não está nem aí, de Geoff Dyer, que estava querendo ler há tempos. A livraria, decorada com temas indianos, recendia a incenso, o que deve ter contribuído para que eu, num impulso, comprasse o livro sem respirar duas vezes. Subi as escadas para o café agarrada a ele, capa perfumada e conteúdo deliciosamente incorreto, o que sempre, a meu ver, também combina com os temas indianos.
Até hoje o livro continua cheiroso, e esse é o único consolo para o fato de que a idiota aqui poderia tê-lo comprado para o kindle, bem mais barato e na sua língua original. A tradução da edição da Cia das Letras, de Sérgio Flasksman, é boa como poucas, mas eu poderia estar bebendo na fonte. Ela só não teria cheiro de incenso.