terça-feira, 15 de março de 2011
Pisando em...cascas
Como todos, ando aturdida com a sucessão de desastres do Japão. Mas a mente humana é a coisa mais estranha. Dentre tantas informações impactantes, fui me prender logo a uma metáfora usada pelos especialistas para explicar a fragilidade do solo japonês. Segundo eles, é como se os japoneses vivessem sobre uma...casca de ovo!
Casca de ovo é das coisas mais frágeis que conheço. Mas também é prenúncio de vida. Ou de omelete. É ainda protagonista da questão existencial mais antiga da humanidade, aquela que pergunta quem veio primeiro, o ovo ou a galinha. O ovo também é ovo de Páscoa, ah, vocês entenderam, casca de ovo é algo muito marcante, gente, muito presente no nosso inconsciente.
Então a pessoa assiste o noticiário e lê obsessivamente os cadernos especiais, morre de pena dos japoneses lá do outro lado do mundo, se espanta com a tal comparação do ovo e vai dormir com aquele turbilhão na cabeça, pensando na ironia que é um solo tão frágil servir de base para um país tão sólido, educado, rico e poderoso.
Claro que não podia dar em boa coisa. A minha mente (de vez em quando ela apronta, meninos, já tentei de tudo mas ela não obedece), numa tentativa enviesada de lidar com a tragédia e incapaz de escrever um belo haikai, apelou para a comédia de mau gosto e estilo discutível. E me mandou escrever o seguinte:
Casca de ovo quebra
Gema mole não
Gema esparrama
Casca de ovo não
Gema faz gemada da boa
Já com casca não é bom não
Cascadura enfim não é mole
Mole mesmo é gema no pão
Vai entender. Graças a Deus não sei escrever em japonês.
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Um comentário:
Sua mente, como sempre , trabalhou muito bem. Bj
Célia
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