quarta-feira, 22 de julho de 2009

Papai Noel existe




Finalmente, mais de vinte e cinco anos depois, encontrei pessoalmente de novo com o Papai Noel. A primeira vez em que nós nos vimos tudo se deu muito rápido, sem chance para qualquer diálogo. Quando dei por mim, as renas já estavam voando no céu frio e estrelado de Petrópolis. Dizem que a imaginação das crianças é muito poderosa, mas não é bem assim não. O fato é que elas vêm coisas que os adultos já decidiram não enxergar mais.
Depois daquela noite, foi dada a largada para o ceticismo galopante, aquele que vai grudando nos ossos ao longo dos anos e, década a década, nos enfia aos poucos num caixão lacrado com desconfianças.
Mas no final de semana passado, tudo mudou. Eu estive de novo frente a frente com o Papai Noel, crianças! Enquanto ele segurava a minha mão, eu me perguntava o que gostaria de pedir a ele. Foi uma decisão penosa porque, afinal de contas, eram muitos os pedidos acumulados. Então resolvi ser magnânima e pedir algo que pudesse ser útil a todos. Pensei na minha cidade, tomei coragem, ajeitei o meu gorro e mandei: “Papai Noel, eu queria uma cidade limpa, organizada, cheia de flores, onde as pessoas fossem gentis umas com as outras e onde os motoristas parassem na faixa de pedestres mesmo onde não houvesse sinal.” Enquanto ele me olhava, mudo, eu me regozijava por antecipação. Finalmente as minhas preces seriam atendidas! Gente, vocês não estão entendendo: eu estava na casa do Papai Noel, na sua aldeia! Seus bobões, como os meus pedidos não seriam atendidos?
Com o nariz vermelho de frio, o Papai Noel sorriu. “O seu pedido já está atendido”, ele disse. Jura? “Juro”. “Mas você precisa ficar aqui em Gramado!”. Espertinho o velhinho, não?
Fiquei revoltada. Ah, a maturidade. Repleta de decepções. Saí da casa do barbudo batendo a porta e fui caminhar para espairecer. Foi quando uma de suas renas escrutinou meus pensamentos com o seu olhar. Decepcionada estava ela com a grosseria que eu havia feito ao seu patrão. Tremi e pedi desculpas abaixando a cabeça. Ela meneou os chifres de volta, altiva, sábia, condescendente. Segui meu caminho com as mãos no bolso, andando sem fazer barulho, pensando que eu merecia sentir o meu nariz gelar até doer.
Papai Noel existe, meninos. Só não faz milagres.

3 comentários:

Anônimo disse...

Os milagres podem acontecer sim, se cada um fizer sua parte...e é claro que Papai Noel existe!Todos nós temos um pouquinho dele dentro do coração.
beijos
Andrea

Anônimo disse...

Carla, não fique triste! Papai Noel só pode atender as crianças.
Da próxima vez pede boneca, bola , carrinho, que tenho certeza que ele vai atender.
Beijos,
Celia

Papai Noel disse...

Dispomos de um castinmg de Papai noeis com barba natural e postiça importada para sua comemoração de Natal. Contato: jorge.elenco@gmail.com